segunda-feira, 8 de março de 2010

dia 12 de Março
21:30h. Moagem

Antes do Amanhecer (Before Sunrise) de Richard Linklater, 1995, E.U.A., 97 min. M12

Género: Romance

Intérpretes: Ethan Hawke e Julie Delpy

Sinopse: Jesse e Celine são os amantes que se conhecem num comboio enquanto atravessam a Europa, apaixonam-se e exploram Viena nas poucas horas que lhes restam juntos. As pessoas, os locais, o fascínio da cidade tornam-se um itinerário improvisado com o amor como destino final. Pelo caminho eles partilham as suas esperanças, sonhos, preocupações, alegrais e paixão. Um dia que ficará gravado para sempre nas suas memórias... e de uma inesquecível história de amor.


Crítica (Cine Players)
Antes do Amanhecer tinha tudo para ser uma tragédia. É superficialmente uma história de dois jovens que se conhecem em num combóio, onde o americano Jesse (Ethan Hawke) conhece a bela estudante francesa Celine (Julie Delpy), encanta-se por ela e convence-a a descer junto com ele em Viena. Depois de muito diálogo, os dois passam uma noite inteira extremamente juntos, visitando diversos locais e, de maneira deliciosamente suave, apaixonam-se. Porém, há um problema: ambos devem continuar a seguir os seus destinos no dia seguinte, tornando-se inevitável a separação.
Só que o que poderia fazer deste um mau filme é justamente o seu ponto forte: os diálogos. Os personagens simplesmente vão conversando, dos mais diversos assuntos, enquanto realizam o seu mágico passeio. Entre um flirt e outro, palavras sábias, bem escritas, pronunciadas com uma naturalidade incrível pela apaixonante dupla de protagonistas. As situações convencem, os cenários são os complementos perfeitos para o clima que a história deseja narrar e, sem nem perceber, já fomos apanhados pelas duas personagens principais.
Tudo fica melhor devido ao impressionante trabalho de Ethan Hawke e Julie Delpy. Os diálogos soam tão naturais que parecem até improvisados, mas a jovem dupla de actores, na verdade, dá um show de interpretação e dicção, ao pronunciar textos complicados, dos mais diversos temas, sempre num tom convincente. A química entre os dois é perfeita, daqueles típicos casais que olhamos na rua e pensamos no quanto foram feitos um para o outro.
A direção de Richard Linklater deixa o trabalho com um gosto especial, com alguns planos enormes e de complicados enquadramentos. A edição faz a única noite do casal passar voando e, quando menos percebemos, o filme já está no fim. Isso porque tudo está no tempo certo, desde as situações até à duração das cenas, passando pela complicada construção de personagens e exposição de sentimentos. A balança nunca fica desequilibrada.
Mas o que prova que estamos vendo uma obra-prima é o final. Obviamente não irei contar o que acontece, deixarei para que vocês descubram por si sós, mas aviso que o passeio pela câmera nos locais onde os personagens estiveram, agora sem eles, deixa um profundo sentimento de vazio incómodo, que denuncia o grande mérito do trabalho. Assim que os créditos finais começarem a passar pela tela e as lágrimas já tiverem irrigando o rosto de todos, já vai ser tarde demais: estaremos completamente apaixonados por Celine e Jessie.
É um romantismo extremo, acompanhado da louca paixão adolescente, que mesmo depois de tantos anos, quando bem empregada, continua a funcionar. É o mais próximo que um filme pode chegar de mostrar duas pessoas a apaixonar-se de verdade.

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